A Professora Cristina Teixeira Pinto e a sua aluna, Mariana Santos, participaram no projeto ''Poema-me'', da editora Lua
de Marfim. Os seus trabalhos, que publicamos nesta página, foram selecionados para integrar aquela coletânea. O lançamento será no dia 16 de maio, em Lisboa.
Emoções
São tantas as emoções,
Que é difícil enumerar,
Delas se fazem canções,
Para mais tarde recordar.
A alegria é especial,
Pelo que me faz sentir,
É um sentimento fundamental,
Que nos faz prosseguir.
A tristeza é inevitável,
Vai sempre acontecer,
Deve ser ultrapassável,
É o que devemos todos fazer.
Quanto à admiração,
Está sempre a decorrer,
Até palpita o coração,
Sempre que está a acontecer.
A ansiedade é desagradável,
Até faz enlouquecer,
É totalmente inaceitável,
Não devia jamais acontecer.
Com a fúria,
Vem a pujança,
Depois a lamúria,
E novamente a esperança.
Mariana Santos
Rio
de Águas Passadas
Da
minha janela,
todos
os dias,
avisto
e lobrigo o meu rio.
Outrora,
eras
mais azul e límpido,
mas
hoje continuas a refletir
o teu
reflexo no meu olhar,
com
todo o teu brio,
que
eu, avidamente,
continuo a amar.
Ó
meu rio,
sorrio
e rio para ti.
De
manhã, és o meu despertar.
À
noite,
as
tuas águas que correm
não
param de me sussurrar
e,
sem eu me aperceber,
rendo-me
ao teu som
e
acabo por adormecer,
acalmando
o palpitar do meu coração.
A
tua paisagem aquática
a
minha memória desperta.
Afogas
as minhas mágoas
pois
sabes,
bem
lá no fundo
que,
como mulher,
serei
sempre uma porta aberta.
Recordo
o que em ti vivenciei,
o
que contigo partilhei.
O
pretérito perfeito que levaste,
e
o meu presente que presenciaste.
A tua
água doce
adocica
a minha alma:
a
alma de uma escultura feminina
cujo
sol que se bate e debate sobre a tua superfície
o
meu espírito acalma e me ilumina.
No
meu tempo florido,
em
ti mergulhei o meu ventre materno
que
se agitava com a ondulação da maré
e
que, mais tarde,
fez
emergir uma nova esperança,
o
meu André,
e
as tuas ondas embalaram o grito desta criança.
Nas
noites de luar,
no
teu leito mergulhava,
limpando
as impurezas
de
quem,
aos
olhos de Deus é medíocre,
e
tanto me maltratava.
Dentro
do teu ser,
sentia-me
novamente uma mulher.
Sonhava
que os teus lençóis de espuma
me
embalavam,
sonhava
que as tuas ondas suaves ou pujantes
me
abraçavam.
Eu
canto para ti,
tocando
na minha guitarra.
És
a corda do meu tempo,
a
corda que me agarra.
Se
eu fosse uma corrente
gostaria
que me aprisionasses,
ou
talvez que me levasses.
Enfim,
talvez
no teu ser personificado
venha
a encontrar algo secreto
por
ti enterrado.
Um
dia sonhei
que
em ti navegaria
e
que aportaria a um mundo transcendental,
cuja
alma viveria eternamente
nas
tuas águas termais,
no
teu abraço afogado e quente,
abafando
todos os meus ‘‘ais’’.
Ó
meu rio,
que
me faz sonhar,
que
me faz acreditar
que
para um mundo melhor
é
possível navegar.
E
por esta e por outras razões
só
a ti me confesso,
e
ouvir-me é só o que eu te peço.
Cristina Pinto
Imagens in: http://www.thedynamicturnaround.com/emotionalhealthhealing.htm
http://www.julianneharvey.com/apps/blog/?view_type=0
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