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21/04/2015

Poema-me

A Professora Cristina Teixeira Pinto e a sua aluna, Mariana Santos,  participaram no projeto ''Poema-me'', da editora Lua de Marfim. Os seus trabalhos, que publicamos nesta página, foram selecionados para integrar aquela coletânea. O lançamento será no dia 16 de maio, em Lisboa. 
 

 Emoções



          São tantas as emoções,

            Que é difícil enumerar,

            Delas se fazem canções,

            Para mais tarde recordar.



            A alegria é especial,

            Pelo que me faz sentir,

            É um sentimento fundamental,

            Que nos faz prosseguir.



            A tristeza é inevitável,

            Vai sempre acontecer,

            Deve ser ultrapassável,

            É o que devemos todos fazer.



            Quanto à admiração,

            Está sempre a decorrer,

            Até palpita o coração,

            Sempre que está a acontecer.



            A ansiedade é desagradável,

            Até faz enlouquecer,

            É totalmente inaceitável,

            Não devia jamais acontecer.



            Com a fúria,

            Vem a pujança,

            Depois a lamúria,

            E novamente a esperança.



Mariana Santos

 

Rio de Águas Passadas


           Da minha janela,

           todos os dias,

           avisto e lobrigo o meu rio.

           Outrora,

           eras mais azul e límpido,

           mas hoje continuas a refletir

           o teu reflexo no meu olhar,

           com todo o teu brio,

           que eu, avidamente,

           continuo a amar.



           Ó meu rio,

           sorrio e rio para ti.

           De manhã, és o meu despertar.

           À noite,

           as tuas águas que correm

           não param de me sussurrar

           e, sem eu me aperceber,

           rendo-me ao teu som

           e acabo por adormecer,

           acalmando o palpitar do meu coração.



           A tua paisagem aquática

           a minha memória desperta.

           Afogas as minhas mágoas

           pois sabes,

           bem lá no fundo

           que, como mulher,

           serei sempre uma porta aberta.



           Recordo o que em ti vivenciei,

           o que contigo partilhei.

           O pretérito perfeito que levaste,

           e o meu presente que presenciaste.



           A tua água doce

           adocica a minha alma:

           a alma de uma escultura feminina

           cujo sol que se bate e debate sobre a tua superfície

           o meu espírito acalma e me ilumina.



           No meu tempo florido,

           em ti mergulhei o meu ventre materno

           que se agitava com a ondulação da maré

           e que, mais tarde,

           fez emergir uma nova esperança,

           o meu André,

           e as tuas ondas embalaram o grito desta criança.

           Nas noites de luar,

           no teu leito mergulhava,

           limpando as impurezas

           de quem,

           aos olhos de Deus é medíocre,

           e tanto me maltratava.



           Dentro do teu ser,

           sentia-me novamente uma mulher.

           Sonhava que os teus lençóis de espuma

           me embalavam,

           sonhava que as tuas ondas suaves ou pujantes

           me abraçavam.



           Eu canto para ti,

           tocando na minha guitarra.

           És a corda do meu tempo,

           a corda que me agarra.



           Se eu fosse uma corrente

           gostaria que me aprisionasses,

           ou talvez que me levasses.

           Enfim,

           talvez no teu ser personificado

           venha a encontrar algo secreto

           por ti enterrado.



           Um dia sonhei

           que em ti navegaria

           e que aportaria a um mundo transcendental,

           cuja alma viveria eternamente

           nas tuas águas termais,

           no teu abraço afogado e quente,

           abafando todos os meus ‘‘ais’’.



           Ó meu rio,

           que me faz sonhar,

           que me faz acreditar

           que para um mundo melhor

           é possível navegar.

           E por esta e por outras razões

           só a ti me confesso,

           e ouvir-me é só o que eu te peço.



 Cristina Pinto


 



Imagens in: http://www.thedynamicturnaround.com/emotionalhealthhealing.htm 
 http://www.julianneharvey.com/apps/blog/?view_type=0


 

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